O Congresso Mundial de Arquitetos UIA 2023 é um convite internacional para arquitetos de todo o mundo explorarem o futuro do ambiente construído. O evento deste ano, que reuniu mais de seis mil participantes, ficou no tema “Futuros Sustentáveis – Não Deixar Ninguém Para Trás”, e teve como meta descobrir de que maneira a arquitetura influencia os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, abrangendo desde Adaptação Climática, Repensar Recursos, Saúde, Inclusão e muito mais. Durante a visita à edição deste ano em Copenhague, a equipe do ArchDaily teve a oportunidade de conversar com Jan Gehl, o pai do desenho centrado nas pessoas. A entrevista seguiu sua palestra de abertura, "Cidades para Pessoas - 50 Anos Depois", no UIA 2023.
Segundo Gehl, o propósito de uma cidade reside em permitir que as pessoas que vivem em seu território criem uma vida satisfatória. Além disso, a cidade deve ser segura para todas as idades e deve proporcionar oportunidades para todas as condições financeiras. Na verdade, ele acredita que há uma correlação direta entre felicidade e qualidade de vida nas cidades. Gehl acredita que uma cidade "não deve deixar ninguém para trás" e, após sua formação em arquitetura e planejamento urbano nos anos 50, ele começou a desenvolver uma nova compreensão da definição de arquitetura. "Nós formamos as cidades, mas as cidades nos formam. Nós formamos os prédios e, em seguida, os prédios nos formam", afirmou durante a conversa.
Nos anos 60 as ciências sociais já estavam aqui, as técnicas já estavam aqui, e os arquitetos e engenheiros faziam os prédios. Eles acreditavam que não importava o que você construísse; as pessoas seriam felizes de qualquer maneira. - Jan Gehl
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10 lições do Congresso Mundial de Arquitetos da UIA 2023No início de sua carreira, a compreensão comum da arquitetura estava centrada no modernismo. Havia uma abordagem disciplinar rigorosa para a arquitetura e, por meio disso, ela não interagia muito com outras disciplinas. Na entrevista, ele explica como testemunhou essa crítica interdisciplinar como um arquiteto em ascensão.
Refletimos sobre a fronteira entre as ciências sociais e as ciências técnicas. Nós [Gehl e sua esposa] fomos para a Itália por meio ano com uma bolsa de estudos para estudar como as pessoas usam os espaços públicos no país. Parecia que nada se sabia sobre como o mundo físico influenciava a vida das pessoas, o que foi muito pioneiro em nossas escolas de arquitetura. - Jan Gehl
Gehl acredita que uma abordagem voltada para as pessoas na arquitetura e no planejamento urbano é vital. Ele critica os arquitetos preocupados em construir prédios mais altos ou com aparência mais excêntrica, que não acrescentam muito à qualidade do ambiente. Além disso, ele afirma que quando arquitetos e urbanistas com formação que enfatiza a forma projetam cidades, geralmente não têm sucesso devido à sua desconexão com as necessidades humanas. Na verdade, o Gehl afirma que, por meio de uma cuidadosa consideração das pessoas na cidade, onde elas se sentam, o que gostam de fazer e como passam o tempo, é possível começar a criar cidades saudáveis e habitáveis.
Eu realmente comecei a tornar as pessoas visíveis coletando dados tais quais para onde elas irão, para onde não irão e quais fatores tornaram este lugar maravilhoso ou aquele lugar terrível. Com dados, tornamos as pessoas muito mais visíveis. O que você conta, você se preocupa. - Jan Gehl
Desde que Copenhague foi nomeada a Capital Mundial da Arquitetura da UNESCO para 2023, a iniciativa tem destacado o papel da arquitetura na criação de um futuro sustentável. No congresso, "As Lições de Copenhague" foram apresentadas, compreendendo dez princípios destinados a facilitar progressos rápidos e transformadores no campo da construção sustentável.
Fique atento à nossa colaboração com o Congresso Mundial de Arquitetura da UIA 2023 e à nossa cobertura de Copenhague, a Capital Mundial da Arquitetura da UNESCO de 2023.
